Clima inconstante, sinal de Perigo
Além de saber o que vestir, a alternância entre dias frios e quentes tem
efeito sobre o organismo, que vão da imunidade a problemas cardíacos e
alterações no humor.
Depois de um início de inverno marcado por temperaturas baixas nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil, as máximas voltaram a subir, chegando a 24°C
em São Paulo e 23°C em Porto Alegre. No entanto, o frio deve voltar. Na capital
paulista, a previsão é de que este inverno seja o mais rigoroso em três anos.
Há consenso entre
cientistas de que o clima tem um efeito profundo sobre nossa saúde e bem-estar,
sendo associado a desde mudanças nas taxas de natalidade a surtos de pneumonia,
gripe e bronquite.
No frio, o corpo gasta mais energia para se manter aquecido, o que acaba
reduzindo a capacidade de defesa do organismo. Além disso, ambientes fechados,
com grande quantidade de pessoas, facilitam a transmissão de vírus.
Mudanças bruscas de temperatura também costumam deixar as pessoas com
imunidade baixa, aumentando o risco de doenças sobretudo para crianças e
idosos. Nos mais velhos, a chamada amplitude térmica pode até mesmo levar à
morte.
Para as pessoas que já sofrem de doenças respiratórias, a mudança brusca
de temperatura é particularmente perigosa, com problemas como asma e rinite
podendo se agravar.
Também há indícios científicos de que o clima pode afetar o humor, para
além do desânimo comum diante de um céu nublado ou chuvoso. O chamado
transtorno afetivo sazonal é um tipo de depressão que geralmente se manifesta
no outono e no inverno.
O transtorno pode ser causado por alterações no relógio biológico e no
equilíbrio químico do corpo. Nas estações mais frias, os níveis de melatonina e
serotonina - que regulam o humor e o sono - podem ser afetados, levando à
depressão.
As pessoas que vivem em climas frios são mais propensas a desenvolver o
transtorno afetivo sazonal, devido ao menor número de horas de luz solar
durante o outono e o inverno.
Um estudo recente também sugere que temperaturas mais altas ou mais
baixas podem afetar nossa capacidade de tomar decisões complexas. E neste
quesito, o clima frio parece ser mais vantajoso. Segundo reportagem da revista
Scientific American, é mais fácil tomar uma decisão no Alasca do que na
Flórida.
Isso tem a ver com a regulação da temperatura corporal. Enquanto no
calor, suamos, para manter uma temperatura interna saudável, no frio, trememos
para evitar a hipotermia. No entanto, resfriar o corpo parece requerer mais
energia que aquecê-lo.
Assim, no calor sobra menos energia, em forma de glicose, para o cérebro,
afetando os processos mentais. Portanto, quando a próxima onda de frio chegar,
talvez seja hora de tomar grandes decisões.
Segundo Carlos Carvalho, professor de Pneumologia do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo, as vias aéreas são preparadas para
permanecer numa temperatura constante. Por isso, mudanças bruscas de
temperatura podem gerar irritação, mesmo em quem não sofre de asma e rinite,
disse em entrevista a Dráuzio Varella.
Em períodos marcados por mudanças de temperatura e dias secos de
inverno, é essencial beber bastante água para ajudar a manter úmido o muco que
protege as vias respiratórias. Além disso, é recomendável tomar vacina contra
gripe, se alimentar e dormir bem, se agasalhar e deixar o ar circular em locais
fechados.
Mudanças bruscas de temperatura também podem provocar problemas
cardíacos. Quando a oscilação de temperatura é do frio para o quente, o sangue
fica mais espesso, e as artérias, contraídas, e a pressão tende a cair, aponta
Max Grinberg, professor do Hospital das Clínicas da USP. Assim, é necessário
mais esforço para bombear o sangue pelo corpo.
Já quando a alteração repentina é do quente para o frio, a pressão
aumenta, e pode ocorrer uma crise hipertensiva. Pessoas com problemas cardíacos
são, portanto, mais suscetíveis a mudanças de temperaturas.
Compacto UOL
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