Envelhecimento Ativo é ...
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Talvez o mais difícil seja superar a fase de negação. Mas o processo de amadurecimento traz vantagens inegáveis para a mulher que se prepara para ele. Especialistas são unânimes em afirmar que, embora haja perdas, uma atitude positiva é capaz de levar a mulher a uma fase rica de experiências novas e qualidade de vida.
O
segredo é se preparar para essa fase. O corpo se transforma, sobretudo a partir
do climatério, fase de transição para a menopausa, quando efetivamente se
encerra a capacidade reprodutiva da mulher. “Do ponto de vista de saúde existe
um risco maior de osteoporose, doenças cardíacas, hipertensão arterial e
demência”, alerta o ginecologista Luciano de Melo Pompei. Em contrapartida,
miomas e endometriose desaparecem ou passam a incomodar menos. “A mulher que se
prepara melhor sabe que a menopausa não significa que ela está velha. Hoje mais
de um terço da vida se dá pós-menopausa, são décadas”, afirma Luciano.
Veja
cinco pontos em que o amadurecimento pode favorecer a mulher.
1. Solução para os desconfortos
Ela pode lançar mão de recursos que minimizam ou eliminam a
grande maioria dos sintomas da menopausa e pode, também, dar adeus às mazelas
femininas típicas da fase anterior, como TPM, por exemplo.
Para
Pompei, novas terapias e tecnologias, como a reposição hormonal, não apenas
melhoram a qualidade de vida, mas representam uma possibilidade real de
controlar a maior parte dos desconfortos associados a essa fase da vida. “É
possível diminuir ou eliminar esses sintomas da menopausa”, reforça. “Sabemos
prevenir e tratar as doenças da velhice.” O resultado é uma geração de mais de
60 anos ativa, produtiva profissionalmente, com forte envolvimento em
atividades sociais, culturais e familiares. “Na média, as que enfrentam melhor
o envelhecimento também praticam mais atividades físicas e tomam cuidado para
não ganhar peso em excesso”, afirma o ginecologista.
2. Foco na própria vida
Com
a família criada e sem filhos demandando atenção constante, essa é a fase em
que a mulher pode experimentar uma nova liberdade em relação ao tempo. “Ela
foca seu desejo, prazeres e decisões nela mesma e não nos desejos e vontades de
outros. A mulher passa a ter como centro o que realmente deseja para ela, e não
o que os outros pensam”, afirma a antropóloga Miriam Goldenberg, que acaba de
lançar o livro “Corpo, envelhecimento e felicidade”, em que discute sua tese de
que a vida a partir dos 50 anos é a melhor fase da vida da mulher.
Para
a gerontóloga Célia Caldas, professora da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro e vice-diretora da Universidade Aberta da Terceira Idade, os ganhos com
a chegada da menopausa superam as perdas associadas. “Não ter mais a função
biológica da reprodução é uma libertação social. A mulher pode focar sua
energia criadora para outras coisas, como a transcendência”, afirma. “Há uma
linha de estudiosos que afirma que esse é o momento em que a mulher consegue
realmente exercitar seu poder, pela sua sabedoria, experiência de vida e
autorrealização.”
3. Corpo em paz
As tensões da guerra que as mulheres travam com o próprio corpo se atenuam com os anos. A importância da batalha contra as primeiras rugas, o abdômen que parece acumular todas as sobremesas a mais ou os fios brancos é relativizada. “O corpo se torna muito mais um objeto de prazer, cuidado, bem estar e qualidade de vida do que um laboratório de experimentos em busca da juventude eterna, da magreza e da perfeição”, afirma Mirian.
Célia
lembra que questões totalmente centradas no físico vão parecer perdas. “Mas isso
depende também dos objetivos existenciais de cada uma. O projeto de vida de ser
gostosa, bonita e seduzir é inviável na velhice. Aí não há ganho que suplante
essa perda”, alerta. “Por outro lado, se você conhecer bem seu corpo e souber
utilizar seus recursos, a vida sexual, embora menos intensa, é igualmente
prazerosa”, afirma.
4. Hora de se divertir
Nessa
fase da vida, as relações sociais e a importância de ter tempo de boa qualidade
emerge com força total. “Muitas mulheres redescobrem como brincar e se divertir
mais, se levar menos a sério. Aprendem a dar mais risada e ter mais diversão na
vida”, afirma Miriam, que lançou o movimento das “Coroas Poderosas”, com
propostas libertadoras, sobretudo com relação ao corpo. “É uma fase em que, se
tiver saúde e algum dinheiro, ela pode se divertir e brincar muito mais”,
afirma a antropóloga.
Amigos
se tornam cada vez mais importantes. “Nessa idade, a pessoa dá muito mais valor
aos amigos do que pessoas mais jovens. Ela tem mais tempo disponível para
cultivar as amizades e são amizades maravilhosas. As pessoas se divertem, cada
almoço e festa é um acontecimento”, afirma Célia. “Os aprendizados são muito
valorizados também. A aluna dessa idade assimila conteúdos e consegue aplicar
imediatamente, coisa que o jovem tem mais dificuldade de fazer”, acredita.
5. Transcendência
Nessa fase, é possível haver uma mudança de valores que foca muito mais em ganhos subjetivos. A experiência e vivência permitem que a mulher que exercita uma perspectiva otimista do amadurecimento colha os frutos da própria vida. “Aquelas que olham para detalhes como a celulite, a barriga flácida e o peito caído, sofrem com o processo de envelhecimento. Mas quem olha o todo e enxerga ganhos em termos de segurança, confiança e repertório se sente muito satisfeita com o envelhecimento”, afirma Mirian.
“Para
muitas mulheres, é a melhor fase da vida”, conclui. Contudo, Célia alerta: nem
todas vão conseguir fazer esse movimento de transcender limites e usufruir
dessa nova etapa da vida. “Pessimistas não transcendem. Apenas quem está de bem
com a vida e tem flexibilidade suficiente consegue tolerar situações difíceis
ou desafios e extrair delas o melhor partido”, afirma.
Ela
lembra também que, a partir da aposentadoria, a mulher pode se dedicar a atividades
criativas sem necessidade de atender a demandas do mercado. “Na escala de
valores da nossa sociedade, o maior valor é o trabalho e o dinheiro”, afirma. A
mulher aposentada pode considerar essa parte da dívida social cumprida e
aproveitar a oportunidade que se abre de realocar esses objetivos, valorizando
atividades criativas, buscando fazer o que lhe dá prazer, mergulhando na busca
do conhecimento ou oferecendo sua sabedoria para ajudar os outros – viver o que
for valioso para ela.
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